5/06/2006

Cerimônia ao Ar Livre













Cerimônia de feriado, dia 22 de abril, em Gravatal - SC.
Ao ar livre. A sessão começou às 15:00.


Estava bem frio. Todos estavam bem agasalhados. Alguns com cobertores. Eu comecei com chinelo de dedo, depois subi no nosso grande salão/quarto da casa e coloquei um tênis. Já aproveitei e peguei um cobertor. Começou frio e depois, muito frio.

Fizemos a prece e os procedimentos de abertura. Logo depois a consagração. Haviam 4 que tomariam pela primeira vez. Minha dose foi um pouco a mais na medida do copo do que geralmente tomo.

Ando numa fase de paz comigo e desde que tomei a última peia, já faz duas consagrações, eu andava receoso. Não quero mais tomar peia. Tô fora! Então, policio-me dentro de certas normas que estabeleci para comigo que não deixam de ser regras morais, que para um bem estar, tem me feito bem. Bom, mas isso são conclusões para depois do relato de hoje.

Tomo, faço aquele prece básica e importante, desejando a todos e a este que fala um bom trabalho. O frio começa a pegar. Agüento por um tempo, porque na terceira música jogo a toalha! Vou lá pegar o meu tênis e um cobertor. A borracheira entra no primeiro pico, que geralmente é forte, e me afrocha o estômo. Me levanto e vou para o banheiro o mais rápido que posso. Quando sento no trono para o dowload, o pico aumenta. Eu começo a rir né. Eu bem no meio do processo e o conteúdo da página baixando... me concentro muito e converso com a dona Borracha... O moça, segura a onda aí senão vai dar sujeira, continuo concentrado e por momentos saio do pico. As paredes do banheiro continuam a se mexer, mas consigo manter os sentidos bem atentos. Mas foi bem engraçado.

Caminhando de volta, me lembro de pegar um cobertor. Pego-o e desço bem equipado para a cadeira lá na corrente. Antes de sentar me dá vontade de contar para o primeiro o que acabara de acontecer no banheiro.

(Sento na cadeira e as mirações já começam a mil. Putz, já faz 6 dias que aconteceu a sessão, então não me lembro exatamente em que ordem tudo aconteceu, mas foi mais ou menos na ordem que colocarei.)

A primeira visão que pega forte é um negócio que chamei de portal Voodoo. Começou a aparecer uns rostos pintados. Um em especial bem perto de mim e do meu lado esquerdo, com aquela cor branca em rosto escuro e de uma pintura tribal. Um pouquinho antes desse rosto aparecer, pergunto que coisa é essa antiga, montanhas, mata fechada, e a coisa me diz: é você mesmo. A intuição me diz que estou em algum tipo de resgate, se cármico não sei, mas era um resgate. E aparecem daquele jeito, muito galho, mato, e a coisa começa a pegar e tal... ai aparece esse sujeito com a cara pintada bem perto, me assusta é claro, mas mantenho a concentração e então vai fechando a mata. Olho para frente e aparece um negócio, que é uma entrada redonda, um túnel, torneada com mato (galhos e folhas) Aquele negócio me convida para entrar, e eu... amarelei. Num vô entra aí não o seu Voodoo. Hoje não obrigado. Fica para a próxima, tá bom. Fica brabinho não, mas hoje eu tô querendo luz, não tô afim de dar banda no escuro hoje não.

É sempre assim. Quando entro nesses túneis, nesses que não saberia chamar de outro nome, a não ser portal, vou para uma outra dimensão. Nessa dimensão a velocidade é outra e dá uma tonteira legal. As vezes não agüento. E também, dependendo o túnel que se entra, é muito fácil começar as alucinações que acabam se confundindo com miração. Aí ficam luzes dentro da cabeça mesmo. Diferente das mirações, que são do lado de “fora da cabeça”. Pelo menos é assim que mapeio. Além do que, nesses túneis, é fácil ir para criações mentais, e não as mirações em si. Ou seja, você para de ver o que ta vendo, mas ver o que você quer. É muito sutil essa diferença no começo, mas com prática percebe-se a diferença de alucinação, miração e criações mentais.

Esses túneis são os mais diferentes em propósitos possíveis e aparecem de formas bem diferentes também. Como são diferentes não teria como identificá-los, mas alguns sempre aparecem. Os que surgem dentro de uma luz, ou um ser árvore, seres estranhos, pegam legal. Digamos que é como se você fosse engolido vivo por um dinossauro de pescoço cumprido. E você logo que chega no corpo, passado o pescoço, a coisa ganha velocidade e dimensão de montanha russa. É punck o negócio. Já notei em túneis que entrei que isso parece um teste, para ver até onde você vai agüentar.

Certa feita fui até o fim. O final foi um verdadeira consagração. Mas isso conto noutro momento com detalhes, porque foi uma sessão muito especial. Foi a sessão de natal de 2005. Em resumo, fui levado numa cadeira suspensa no meio do mato. Haviam seres dentro das árvores que olhavam eu passando. Essas árvores eram troncos de madeira com seus 4 a 5 metros de alturas onde dentro de cada tronco tinha alguém, que não saberia definir. A cabeça parecia humana, o resto não dava para ver porque estava dentro da árvore. Me suspenderem nessa coisa (tipo aquelas cadeiras que o pessoal carregava outros de uma casta maior) e eu fiquei esperando. Me botaram num altar no meio do mato. Esperei o que ia acontecer e aí aconteceu. Alguma voz que não sei da onde disse: Esse está pronto. Aí meu, essa mesma voz colocou uma coroa que identifiquei sendo de galhos de árvore na minha cabeça e me fez sentar nuns troncos na horizontal. Quando eu me sentei, a minha cadeira tronco ficou de um branco e de um azul brilhante incrível que se expandiu acho que um metro para ambos os lados... aí, eu virei uma árvore. Literalmente. Vários galhos começara a me cruzar o peito, a me furar por todos os lados, e aos poucos fui criando raízes e me tornando uma árvore bem grande. Não consegui me mexer, estava petrificado. Criei raízes enormes e profundas e depois, meu Deus do Céu... mas isso conto em outro momento.

Mas voltando a sessão a céu aberto... logo que o portal sumiu da minha frente vi que fiz bobagem, que deveria ter entrado naquilo e que havia alguma coisa que tinha que resolver. Como de praxe, não fiquei sismado com isso, senão se entram as criações mentais e as emoções atrapalham o continuum das visões. Passou! Próximo.

Os próximos foram as montanhas. Muitas montanhas. Montanha para lá, montanha para cá.... vi que estava pelas bandas dos Incas. Não sei se era Machu porque nunca fui lá, mas eram de lá. E aquelas montanhas continuavam a aparecer. Ah, e os cantos, os hinos rolando...

Olho para frente e começam a vir as ondas/línguas, sei lá como definir isto. Aparecem umas que aparecem cabeças de gente. Uma do lado da outra. Olho de novo e penso, vem as caveiras de novo. Sempre quando alguém da sessão vai vomitar (limpeza) eu vejo a língua (imaginem uma folha de babosa) e as línguas passeando pelo povo com um monte de caveirinhas grudadas nela... é batata, alguém tá passando mal. Ou vai vomitar ou tá no banheiro... Quando tá assim, me concentro para não ir na onda da turma, porque geralmente baixa a corrente e a coisa fica preta, literalmente preta. As vezes fica cinza e aparece aqueles abismos onde escorre o caldo cinza que sai do povo. Geralmente é assim que ocorrem as limpezas. Aparece as caveiras na babosa que indica que a coisa vai pegar, o rio cinza vem em seguida escorrendo água suja e os abismos colossais também despertam no horizonte bem próximo a turma da cozinha. Já vi em Igrejas Daime um duto que cai nesse abismo. E nesse duto sempre no mesmo lugar cai água suja o tempo inteiro.... limpeza, limpeza...

Tem outros tipos e outros seres de limpeza. Esses aparecem antes da água. As vezes não tem água, mas geralmente tem. Uns são deveras feios, mas fazem uma limpeza legal. Acho que os mais assustadores são os seres polvos, cheio de tentáculos. Esses para mim são os mais assustadores até agora. E são bem ariscos. Tem umas plantas de limpeza também. Juntam as meleca do pessoal e somem. Tem uns outros seres e vi um assustador também, esse parece que morava debaixo do salão daquela igreja, eu tive que olhar mais de uma vez para primeiro acreditar e depois tentar realmente ver o que era se era um ser planta diferente ou um cobra de tamanho inacreditável. O Bichando devia ter os seus 1 metro e meio de diâmetro. Se locomovia bem devagar, como uma cobra e era muito, mas muito assustador. Ele cobria todo o salão sobre o chão. Eu só percebi na última consagração que fiz naquela Igreja. Era um trabalho de concentração e por sinal foi a sessão que menos mirei até hoje, então não deu para especular muito aquele bichano ou arvorezano, embora tivesse consagrado 3 vezes naquele local. Era festa de algum santo que não me recordo agora e entrega de trabalhos do ano que passou. Uma festa bem bonita. Foi em janeiro de 2006, lá em FLOPA. Devia ter umas 120 pessoas, e o salão lá é bem grande e aberto. Aliás, lá tem um fauna/flora espiritual fantástica.

Bom, mas desta vez as criaturas da limpeza que vi lá em Gravatal ficaram só nas línguas babosas indicando que alguém passaria mal. Mas como estava em céu aberto não sabia realmente se alguém estava passando. Não escutei ninguém vomitando e então até botei em dúvida se as babosas caveiras realmente indicam alguém naquela peiazinha básica do Daime. No final vim a saber que duas meninas vomitaram... bingo.

Após voodoo, montanhas e essas cabeças que pareciam caveiras mas que olhando bem eram cabeças que não paravam de aparecer resolvi a explorar melhor o ambiente “olhando” ao meu redor e as línguas do daime vagando por todo mundo naquela velocidade rápida que lhe é peculiar....zum...zum.... essas línguas são sem caveiras, são só línguas/braços. Elas ficam vagando pelo pessoal. As vezes aparece uma luzinha aqui, outra lá... escorre um líquido aqui, outro ali...

De repente olho bem ao meu lado e uma cor muito forte me chama a atenção. Que coisa mais linda. Não saberia definir também, a melhor definição é um Pom-pom gigante da cor azul brilhante. Um azul forte, não era um azul fraquinho. Aliás, um azul que não tinha visto em nenhuma sessão ainda. Abro os olhos físicos para ver onde que estava situado este pompom maravilhoso e era na cabeça do responsável pelo local. Estava lá estacionado. Fico olhando o negócio e no meu entender ele perambulava pelos outros, mas não sei se isto era verdade. O Pompom, passou no alto da minha cabeça também, o que ficou tudo azul. Acabou o hino e seu Pompom foi embora para o alto. Fiquei em dúvida porque peguei ele em "flagrante" bem no final do hino então, não tenho certeza ainda se ele passeou por todos os presentes ou emanava daquele homi e deu uma passadinha por mim apenas... não sei mesmo.

Bom, aí tem início um fenômeno realmente indescritível e fantástico. Tem um hino que o pessoal canta que ainda não tenho certeza qual é. Mas é só cantado, digo, sem instrumento algum. Só vozes. Sempre acontece algo forte neste hino. Parece um mantra. Parecem monges cantando. Não sei a letra ainda... É cantando num tom mais baixo do que o das músicas, então fica um pouco mais grave que o normal. Bom, começaram a cantar e do chão vem subindo um negócio, bem onde está a mesa, um pouquinho do lado. Sai uma plataforma de 1 metro de diâmetro aproximadamente. Quando ela chega em cima, se abre como se fosse uma concha acústica e sai de lá três coisas que não tenho a mínima condição de definir o que era até porque não me chama muito a atenção. Mas aquelas coisinhas que deveriam ter uns 50 cm de altura saem em direção ao povo e não as vejo mais (seriam batedores?). É que começo a prestar atenção no que vem a seguir e deixo o pequeno trio de lado. Debaixo daquela concha acústica começa a se mover como se fosse um manto de cor clara, leitosa, bem devagarinho e em direção a todos os presentes. Vem tocando os pés de todos, devagar, toca o colega da frente... e eu ai ai ai, que coisa é essa! Eis que me toca... Santo Deus, não só me toca como sobe pelo meu corpo. E eu entro dentro daquela coisa e fica tudo, mas tudo fica rosa, de um rosa leitoso. Também não sei definir, não era soemnte luz. Estava num ser de como se fosse uma lata de tinta rosa brilhante.

Essa coisa Rosa me diz que se chama: Rosa. Ela me convida para dar uma volta no seu interior e eu também nego, porque não tava a fim de ficar tonto. Ela insiste, mas eu continuo negando. Então ela cansa e se vai.

Logo troca de hino e vamos para segunda parte, próximos a fogueira. Quem quiser tem a segunda consagração como opção. Aos poucos nos aquecemos com o calor da fogueira. Fica bem bonito o ambiente, uma união. Estamos ali ao redor do fogo e rola aquele clima de paz, de amor.

Ao redor do fogo, mais e mais mirações. Três entidades aparecem e ficam por alguns momentos fazendo o seu trabalho. As cabeças aparecem novamente num grande saco e entendo que o que pediam era ajuda. Ao final são recolhidas nesse saco e se vão junto com o término dos trabalhos.

Após o fechamento dos trabalhos uma turma ainda fica ao redor da fogueira curtindo todo aquele clima de laços afetivos de amor, carinho e solidariedade por um bom tempo. Logo depois, uma sopa deliciosa preparada pelas gurias está pronta.

Foi uma sessão muito especial proporcionada pelos dirigentes e por todas as equipes que estiveram presentes neste dia.
No outro dia, viemos a saber pelo morador e dono da casa de retiro que naquela região, por questões políticas e econômicas de nossa história, centenas de índios foram decaptados.

Paz.

....

1 Comments:

Blogger Erika Barreto said...

Oi Fábio!
Não não... eu sou de bsb!

Eu só ia comentar depois que lesse seu post todinho!!! Mas como isso vai demorar hehehehe... deixei o comentário logo.

Sempre acompanho suas respostas na Voadores! Gosto bastante da maneira como você escreve!

Fico esperando os próximos ensinamentos das mirações!

Um grande abraço e uma ótima semana pra você!

segunda-feira, junho 05, 2006  

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