6/19/2006

Recebendo e entregando almas




Sexta, dia 16 de junho.

Cheguei correndo. Quase não deu para tomar banho direito. Mas às 19:00 eu tava lá.
Gosto de chegar com tempo, já em 20 km/h, devagar, me preparar, já meio ZEN.
Porém, nada disso. Cheguei atucanado.

Como da última vez, a turma tava bem humorada.
Como da última vez, tinha mais mulheres que homens.
Como da última vez, todos os que cantavam faziam-no com vontade.
Como da última vez, havia muita alegria.

Novamente a cerimônia começa sem cerimônias. Vamo lá pessoal, chama Dom Sérgio. Cada um toma o seu martelinho de oasca e vai se sentar. Antes, ouso perguntar para um fardado: Primeiro os fardados? Aqui todos somos iguais, pode ir! Ok. Tomo e vou me sentar.

De novo, não senti o gosto amargo da bebida. Acho que é bem diferente a fonte desta do que a que tomava habitualmente, que era a do Padrinho Nonato. Sei lá... Pode ser a graduação diferente apenas.

Fazemos uma prece curta e sincera para início dos trabalhos e já começamos os cantos do Hinário do Mestre Irineu naquele Xerox surrado que em quantas mãos já andou e a quantos já ajudou. Vale lembrar, o Daime é de Cura.

A sessão começa e para variar é tudo diferente. Mas isto não é privilégio da casa. Todas as cerimônias são sempre diferentes. Mas, nessa casa, é minha segunda vez. Claro, diferente. Os dois primeiros hinos são cantados em pé. É para firmar a corrente explica o dirigente.

Particularmente, sinto que o "clima" está estranho. Que depois entendo.

Começo a sentir as coisas da mediunidade lá pela décima música. O Preto já abre o Ponto sobre o meus pés. UFA, tô p r o t e g i d o. O Ponto é um portal desenhado no chão, já que dentro dele é passagem para sei lá aonde. No centro há um triângulo azul escuro que está dentro de um círculo, que também está para outra dimensão.

Começo a me tremer todo até o ponto em que não controlo mais a tremedeira e minha perna esquerda treme que é uma vara.

Quando canta o hino da linha do T u c u m, também acontece uma coisa curiosa e principalmente quando chama os caboclos. Já vi que tenho afinidade com essa linha aí. Só sei que me senti muito forte e minha postura mudou. Mas não estava ainda vendo muita coisa. Também não estava preocupado em ver. Tô numa fase diferente, concluo.

A tremedeira continua por um bom tempo. Vejo uma coisa ali, outra aqui. Olho para uma fardada na minha frente e vejo uma capa sobre ela. Mas também não fico olhando muito. Sei lá, não é muito bom ficar olhando para o outro. As vezes a gente "pega" do outro. Assim como tem coisas engraçadas. Um vez no salão eu vi um onte pizzas ao meu lado, voando. Depois uma menina confessa que deu fome nela e ela queria muito comer pizzas.

Um pouco antes do canto da Janaína algo se monta do meu lado direito. Paro de tremer. Uma espécie de folhagem, sei lá não fiquei olhando muito. Só que o negócio insistiu e eu tive que olhar. Parecia uma "toalha" grande para um breve pique-nique. Nas bordas desta toalha tinha um "bordado" amarelado. A toalha era branca e verde, mais branca. Tinha umas coisas na toalha que não tenho nem idéia o que eram. Para minha surpresa aquela toalha sai do chão e vem para trás de mim e me cobre como um manto. E outra entidade se apresenta. Não sei o nome e não perguntei. Era energia feminina. Tinha um cocar, era do mato. Ao seu redor o mesmo amarelo se faz ao meu redor num círculo de uns 2 metros. O que segurava o cocar de plantas era o mesmo amarelo do chão e da toalha, como uma t i a r a. Ficou umas 2 músicas e se foi.

Aí do céu aparecem uma luzes que saudei e do meu saldo veio outra que já se havia apresentado noutro dia. Ela faz um sinal na testa com a mão direita. Depois faz um sinais nos ombros, no antebraço e na mão, nos dois braços. Tinha cores verdes também e trabalhava com a mão direita.

Aí, vem uma outra força que me "força" a ficar bem parado. Sem se mexer. Alinho a coluna. Entro na "viagem" do Daime propriamente dita. Fico leve. Aí começo a ir para dimensões diferentes. E claro, começo a tontear. Paro a viagem, mas ela não quer parar. Abro os olhos, quero cantar. Mas, sem chance. Tô t ontinh o. Hein, tem alguém aí? Minha intuição, uma voz, diz: Fica quieto aí. Fecha os teu olhos que ainda não terminei. Não se mexa, você pode ter alguma sequela, estamos trabalhando... tá, tá, tá... tô quieto.

A mesma intuição me lembra que para dar uma bandinha em outras dimensões é necessário uma equalização energética senão não rola. Essa equalização não é fácil de segurar no osso. Aqui que dá peia. Não tive peia, UFA.

Segunda chamada, segunda dose. Tomo o martelinho sem medo de ser feliz. Aliás, isso também é difetente. Os dirigentes se dirigem com as doses até os presentes. Os hinos não param.

Vamos para uma segunda parte. O Padrinho principal avisa. Pessoal, agora vamos para sessão em que cada um cuida de si. É hora de dar conta da quantidade que cada um tomou. Fechem os olhos e não dêem bola para o que vai acontecer ao seu lado. Peço disciplina a todos.

Confesso que fiquei um pouco confuso com essa tal de disciplina. Afinal, do que se trata?

Luzes apagadas. Outros cantos. Mal começa o canto já começo a mirar. Começo a ver flores de novo, como da última vez. Claro, diferentes. Vou ver se entendo o que o hino está dizendo. O hino fala de flores. Olho para os meus braços. No direito vejo umas flores de campo que vem do meu braço esquerdo. São dois ou três galhinhos apenas. Flores bem delicadas. Olho para o resto do salão e várias flores circulam naquela velocida típica do ritual quando está em contato com coisas da natureza, tudo meio devagar.

Num olhar mais atento para o meu antebraço esquerdo vejo uma coisa que me chama atenção. É como se fosse uma gaveta de cor escura. De dentro do cutuvelo na parte interna do braço é que saiam as flores de campo que caem sobre o braço direito.

Na minha mão direita as flores que estão no salão passam sobre ela. Uma fica. Percebo que é uma rosa vermelha. Sinto uma entidade que me intue para levantar a mão e distribuir esta rosa. Levanto a mão. Ela treme, treme e treme e a Rosa se multiplica em muitas. Essa tremedeira na verdade era para espalhar a rosa.

O dirigente interrompe e pede disciplina novamente. Putz, que é isso afina? Botei as mãos no meio das pernas e fiquei lá.

Um luz amarela surge forte. Olho no meio das minhas pernas e vejo pessoas sobre mim. Que é isso? Intuo de mandar esssa luz para essas pessoas, não sei o que era. Mais pessoas aparecem e continuo canalizando esta luz. Então não dá para ficar paradinho.

O negócio para. Fico lá de olhos fechados. Uma coisa começa a me ajuntar, abraçar, cobrir, do meu lado direito. Vem devagar, naquela velocidade assustadora das criaturas que se mexem devagar. Vai tomando meu corpo e vejo que é forte esta força. Chega no meu peito. Vejo que é de uma cor escura. Está agora tomando conta do meu colo e eu começo a sentir medo. Não gostei. O Seu força escura, pode recuar não tô gostando docê não. Volta aí vai. O negócio não volta. Ih, me ferrei. O negócio estaciona. Fico sendo abraçado por aquilo. Devagar, mas muito devagar ele começa a voltar. UFA. Olha, vai me desculpar, não sei quem você é e nem o que quer e pelo jeito você não conversa, então dá licença aí vai.... ele vai saindo, mas sem muita pressa. Ai meu Jesuzinho. Olho para cima, procuro a luz.

Eis que surge duas luzinhas azuis no alto a esquerda. Ai que bom. Me sinto amparado. Começo a me sentir seguro. Olho para elas e peço socorro. O negócio começa a voltar, mas demora para sair. Eis que surge outra criatura que sei lá o que era e me intue para prender a mão direita no chão, como uma lança. Finquei-a no chão. Me pareceu uma proteção. Fiquei uma ou duas músicas assim, segurando aquela força escura na mão direita.

Putz, a mão esquerda começa a formigar e a se torcer...ai, ai, ai... Nesse instante o Dom Sérgio interrompe a sessão. Pessoal, vamos interromper, tá na hora de entregar as almas. Mas já, alguém pergunta. Já, agora. Então ele lembra a todos os presentes, de que ninguém fique com nada de ninguém. Os problemas que aqui foram tratados que os responsáveis levem consigo. São problemas deles e não nossos.

UFA... a coisa tava preta mesmo, porque vi mais pessoas no salão, mas não entendi direito o que era.

Começa o Cruzeirinho. Salve o cruzeirinho. Lá pela quinta música as coisas começam a clarear, pelo menos senti assim.

Logo de início ele já chama atenção ao bailado. Atenção pessoal, vamos se concentrar. Aos poucos a alegria vai tomando conta e a luz volta a brilhar.

Assim vai a sessão até o fim. Encerra-se os trabalhos. No fim tudo acaba bem na santa e merecida Paz.